ENTREVISTA COM W. Monty Jones: FOMENTANDO A INTERCULTURALIDADE NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
As atividades de internacionalização nos Programas de Pós-Graduação (PPG) no Brasil têm emergido constantemente desde 2005. Essas ações foram implementadas de forma sistemática por meio do Quinto Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), criado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). No entanto, essas atividades só foram ampliadas após 2011, graças ao Sexto PNPG e à criação do Programa Ciência sem Fronteiras, conforme mencionam Valero-Ribeiro-Saes e Invernizzi (2023). Embora os cursos de graduação fossem a prioridade do Programa Ciência sem Fronteiras, a pós-graduação também foi beneficiada por meio da oferta de bolsas de Doutorado Sanduíche, Doutorado Pleno, Pós-Doutorado, Mestrado Profissional e Programas de Desenvolvimento Tecnológico. Tal política de internacionalização foi de grande importância para o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil, pois possibilitou a mobilidade acadêmica de estudantes e professores para países do Norte e do Sul globais.
Atualmente, os programas de pós-graduação contam com diferentes formas de financiamento para realizar atividades de internacionalização, especialmente após a criação do Programa Institucional de Internacionalização da CAPES (CAPES-PrInt), em 2018, voltado aos programas de pós-graduação classificados como de excelência. Desde então, cada PPG tem buscado maneiras de promover a internacionalização em seus Planejamentos Estratégicos. Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) tem investido em um processo de internacionalização por meio da abertura anual de editais para financiamento de visitas técnicas de docentes a universidades estrangeiras, com o objetivo de fortalecer ações de pesquisa, cooperação técnica e ampliar redes entre pesquisadores. Os editais do PPGED/UFS são financiados com recursos recebidos da CAPES por meio do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP). Assim, docentes são selecionados anualmente para realizar missões de trabalho ou visitas técnicas a universidades estrangeiras.
Uma dessas universidades é a Virginia Commonwealth University (VCU), em Richmond, Virgínia, Estados Unidos, que assinou um memorando de cooperação com a Universidade Federal de Sergipe. Desde 2022, estudantes do PPGED têm participado de mobilidade acadêmica para a VCU por meio de programas de Doutorado Sanduíche financiados por bolsas da CAPES. A Universidade de Waterloo, no Canadá, e a Universidade da Madeira, em Portugal, também são instituições parceiras visitadas por estudantes do PPGED durante seus doutorados.
Em 2024, além da mobilidade estudantil, também ocorreu uma visita técnica docente à Faculdade de Educação da VCU. Como resultado, decidimos entrevistar o supervisor que nos recebeu na universidade à luz de sua experiência com pensamento computacional e formação de professores. Essa entrevista foi conduzida pelo então doutorando Jefferson do Carmo e pela Dra. Simone Lucena, ambos da UFS, com o Dr. Monty Jones, supervisor das atividades na VCU. O Dr. Monty Jones é professor associado na Faculdade de Educação da VCU, orienta estudantes de pós-graduação e ministra disciplinas com foco em tecnologia e educação. Além disso, desenvolve um projeto de pesquisa em escolas de educação básica com alunos que aprenderam programação por meio da música. O Dr. Monty Jones também é músico e incorpora sua influência artística em suas aulas.
Nesta entrevista, compreendemos que a internacionalização acadêmica é também uma troca cultural, social e política, cujo produto final é sempre a soma de muitos caminhos e experiências de aprendizagem, proporcionando-nos impressões duradouras e o desejo de continuar aprendendo e construindo conhecimento com outras pessoas em nosso país. Trata-se de uma entrevista narrativa (Jovchelovitch; Bauer, 2002; Josselson, 2021; Zhang, 2023) que preserva, ao máximo, a linguagem do participante. Assim, buscamos manter um fluxo natural na transcrição, realizando apenas as edições realmente necessárias em termos gramaticais e de colocação. Estabelecemos um roteiro com algumas perguntas geradoras, mas outras surgiram ao longo da conversa. Como resultado, apresentamos aqui uma conversa acadêmica que se desdobra de forma rizomática, à medida que todos estávamos construindo sentidos. Na Figura 1, nos apresentamos com o intuito de criar uma atmosfera acolhedora. Sente-se, fique à vontade e aproveite a nossa entrevista.